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Conto, com a Reitora

Tempo de pensar

Encerramos mais um ano. Desejo um excelente período de repouso a todos. Oxalá seja também um período de reflexão sobre o que estamos nos tornando e como nossas atitudes têm reverberado na pessoa do outro, na vida do planeta, em nossa “casa comum”; um período para acreditarmos que um ano próximo melhor é possível! “Antes de toda obra é a razão; antes de qualquer empresa, é preciso a reflexão” (Ecl 37, 16).

No balanço deste ano que finda, qualquer demonstração de otimismo pode soar alienação, pieguice. Mas adentramos o Advento, momento de renovar as esperanças pela vinda do Messias, “tempo preparado para homens e mulheres de boa vontade”, como dirão os anjos no momento da chegada do Divino Salvador.
Eu diria que 2015 foi um ano para os fortes. Há que se esforçar muito para não cair em desalento face a tanta desordem: intensificação dos fluxos migratórios de pessoas que fogem de condições extremas para a própria sobrevivência, ataques terroristas fazendo vítimas em várias partes do mundo, enchentes, secas, destruição.
No Brasil, um país que tem os políticos mais caros e os professores menos pagos, assistimos estupefatos à luta de estudantes, pais, professores e sindicatos contra o fechamento de cerca de cem escolas no Estado de São Paulo, resultado de uma “reorganização” imposta pelo governo de Geraldo Alckmin. Sem tanta surpresa, ainda nos vimos diante da aprovação de um dos muitos pedidos de impeachment da autoridade máxima do País.

Em meio a esse clima de desmandos, negociatas políticas, corrupção, desemprego, recessão, etc., seguimos dizimando recursos naturais, desmatando. E amargamos os impactos do rompimento da barragem da Mineradora Samarco em Mariana, considerado o maior desastre ambiental de que se tem notícia em nossas plagas. A lama continua poluindo, devastando, enterrando vidas, sonhos, tudo. Muitas famílias ainda procuram seus mortos! 

O meio ambiente pede socorro, aqui e lá fora. Na França, país que viveu este ano o pior pesadelo até agora em matéria de terrorismo, a Cúpula do Clima deixou frente a frente 150 chefes de Estado para discutir medidas contra o aquecimento global acelerado. Há que cederem os dois maiores poluidores do mundo, China e EUA, mas todos, sem exceção, terão que se impor uma drástica mudança no modelo de crescimento/ desenvolvimento, afinal, os efeitos da poluição são visíveis e alarmantes: mudança nos padrões das doenças, fenômenos meteorológicos extremos, como as ondas de calor e as inundações, e degradação da qualidade do ar, do saneamento e dos estoques de água e alimentos.

Em matéria de sobrevivência, tudo soa urgente. Na abertura desta mesma conferência em Paris, a Organização Mundial de Saúde (OMS) disse acreditar que entre 2030 e 2050 a mudança climática causará 250 mil mortes por ano, especialmente nos países mais pobres. Mulheres e crianças serão os mais afetados. Nas contas da relatora especial da ONU sobre o Direito à Alimentação, Hilal Elver, podemos acrescentar 600 milhões de pessoas às filas dos desnutridos para 2080.
2016 chega exigindo de cada um comprometimento, atitude. Chega esperando encontrar homens e mulheres de boa vontade para “assumir a beleza e a responsabilidade de um compromisso para o cuidado da ‘casa comum’”, como bem define Papa Francisco em sua segunda encíclica: Laudato Si.

Aliás, encerro minha última palavra de 2015 com o apelo de Francisco para não cometermos um suicídio generalizado, degradando de forma irreversível o meio ambiente. Toda a encíclica é um convite a não perdermos a esperança. “Nem tudo está perdido, porque os seres humanos, capazes de tocar o fundo da degradação, podem também superar-se, voltar a escolher o bem e regenerar-se.” Agora é tempo de pensar em reconstruir, reconstruir-se!

Boas Festas!

Reitor Prof. Dr. Pe Edelcio Ottaviani

São Paulo, 23/03/2015

Imagem de uma mulher branca, loira de cabelos lisos, sorrindo com um fundo escuro.

Profª. Drª. Karen Ambra

Reitora do Centro Universitário Assunção - UNIFAI