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Economia e turismo: Desenvolvimento econômico no nordeste brasileiro

Edineide Maria de Oliveira
 

O desenvolvimento econômico é o tema que ganhou conotação no século XX preocupando-se com a melhoria das condições de vida do povo, inclusão social e preservação do meio ambiente. Mas até que ponto o capitalismo trazendo a modernidade através das inovações tecnológicas podem possibilitar a melhoria das condições de vida do povo e não apenas de 10% da população, que podemos conceituar de classe alta que detem 80% da renda nacional, conforme a Lei de Pareto  .
No Nordeste brasileiro, precisamente nas cidades de Fortaleza, Canoa Quebrada, Beberibe e Aracati localizadas no Estado do Ceará, bem como algumas cidades no Estado do Rio Grande do Norte e Bahia, é notável a existência de povos europeus, os quais estão investindo em pousadas, prédios, condomínios fechados, e se apropriando de praias, dunas e mangues.

Conforme dados do Ministério do Trabalho, o número de estrangeiros que passaram a trabalhar no Brasil cresceu 46% nos últimos quatro anos devido à melhoria das perspectivas econômicas do país.

Quadro 1 - AUMENTO DOS VISTOS DE TRABALHO PARA ESTRANGEIRO

Vistos    2004    2007    Aumento de
TEMPORÁRIOS    18.900    26.900    42%
PERMANENTES    1.300    2.600    100%
TOTAL    20.200    29.500    46%
                           Fonte: Ministério do Trabalho

Quadro 2 -  ESPECIFICIDADE DE SOLICITAÇÃO DE VISTOS

QUEM MAIS PEDIU VISTO    MOTIVO    Aumento em 2007
CIENTISTAS E PROFESSORES    Incremento das pesquisas  ambientais    356%
TRIPULANTES DE NAVIOS  TURÍSTICOS    Explosão dos cruzeiros marítimos pela costa brasileira    250%
INVESTIDORES    Compra de casas e abertura de hotéis, pousadas e restaurantes no Nordeste    29%
Fonte: Ministério do Trabalho

Os estrangeiros estão comprando terrenos e casas dos moradores brasileiros por valores questionáveis, pois com a quantia numérica recebida, o vendedor compra objetos que significa o sonho de consumo, como por exemplo: carros, motos, aparelhos eletrodomésticos, mudam de cidades e muitas vezes até de estado, como por exemplo: São Paulo.

Quando o dinheiro acaba, a situação fica precária e a qualidade de vida dessas pessoas se resume em pobreza e miséria. Não há emprego nesta região, e uma parte que possui conhecimento e visualiza oportunidades, acaba recorrendo às atividades que o turismo traz para a região, que em muitas vezes modifica a característica do local.

Os pescadores na região da cidade de Natal se tornaram motoristas de buggy, outros optaram por ser  ambulantes  vendendo os mais diversos artigos para praias e vários tipos de alimentos. Abandonaram suas atividades anteriores, tais como: confecção de artesanatos, trabalhos com a agricultura e pecuária, situação esta que contribui para o aumento das famílias que pertencem à população miserável ou indigente, que são aquelas  cuja renda familiar cobre apenas a alimentação.

No Brasil, tem sido utilizada a renda familiar no valor de um salário mínimo como definição da linha de pobreza, bem como o valor de uma cesta básica, inferior ao salário mínimo, para demarcar a linha de miséria. Segundo Fava, 1984, pg. 105, “Definindo a linha de pobreza como o nível de renda que assegura um nível mínimo de consumo de bens e serviços, em cada área geográfica”.

O PIB que é o índice de crescimento econômico no Brasil, em 2007 ficou em torno de 5% segundo Paulo Leme, que é quantificado a partir da produção de bens e serviços que o país realizou durante o ano, que acaba sendo um “resíduo como conceitua Carlos Marques Pinto na teoria do desenvolvimento econômico, no qual deve ser mensurado a importância do capital humano nesse crescimento, apesar  da dificuldade de isolá-lo dos demais fatores produtivos, bem como de se quantificar a educação informal, ou a contribuição social da educação à mobilidade social, à formação de recursos humanos de alto nível, ao progresso da tecnologia aplicada.

Para a verificação da melhoria das condições de vida do povo, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é o mais indicado, porque muitos economistas acreditam que o PIB não reflete as condições econômicas e sociais de um país. No entanto, o índice de Desenvolvimento Humano que é calculado periodicamente pelas Nações Unidas, tem a finalidade de calcular o PIB per capita, um índice de expectativa de vida e um índice de educação.

Para ter-se uma correta avaliação das melhorias de condições de vida de um povo, como a do nordeste brasileiro, precisa-se utilizar índices que registrem a economia informal, ou seja, aquela atividade que não é registrada de acordo com as normas civis, (ambulantes, camelos, pescadores e outras funções) como a sonegação fiscal, o não registro de empregados, o “caixa 2” etc.

Também precisa-se quantificar os custos sociais derivados do crescimento econômico, tais como poluição, congestionamento, piora do meio ambiente etc. Em seguida precisa-se levar em consideração as diferenças na distribuição de renda entre os vários grupos da sociedade.

Após obter os dados quantificados conforme os índices sugeridos,  pode-se fazer uma avaliação  minuciosa se houve realmente um desenvolvimento econômico no nordeste brasileiro, advindo de capital estrangeiro, juntamente com a tecnologia e a modernidade dos países considerados  primeiro mundo.

Referências:

FAVA, Vera Lúcia. Urbanização, custo de vida e probreza no Brasil. São Paulo: IPE/USP, 1984

Pesquisa nas capitais do Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia no período de 03 a 20/01/2008.

PINHO, Carlos Marques. Economia da educação e desenvolvimento econômico, 2º ed. São Paulo: Pioneira, 1976

SOUZA, Nali de Jesus de. Desenvolvimento econômico. 5º ed. São Paulo: Atlas, 2007.

VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de. Fundamentos de economia. 2º ed. São Paulo: Saraiv