Conto, com a Reitora
A luz do Natal que nos reveste de esperança e lucidez
O Natal nos convida, todos os anos, a recordar que a luz não se impõe pelo ruído, por alarde ou pela busca de audiência, mas por sua missão, permanência, legitimidade, consistência e humildade. Não disputa aplausos, não responde a ataques com a mesma moeda e nem se sustenta em narrativas fabricadas: simplesmente persiste. Ainda que atravesse a incompreensão e a falta de fé.
No ambiente acadêmico, essa mensagem assume um significado ainda mais exigente. Universidades existem para iluminar mentes, formar o pensamento crítico, o juízo responsável e desenvolver a capacidade de distinguir fatos de versões, argumentos de slogans e análise crítica de adesões acríticas. Quando o debate cede lugar ao eco de discursos prontos e quando a emoção se sobrepõe ao exame rigoroso da realidade, todos perdemos: como instituição formadora e como comunidade.
Vivemos tempos polarizados em que a velocidade das opiniões frequentemente substitui o esforço de reflexão e em que decisões complexas são reduzidas a leituras apressadas, parciais ou interessadas. Nesse contexto, a lucidez intelectual, ética e institucional torna-se não apenas uma virtude, mas uma responsabilidade coletiva.
Há algo profundamente natalino em escolher o caminho do cuidado, da responsabilidade e da fidelidade à verdade, mesmo quando isso exige silêncio, prudência e firmeza interior. A sabedoria popular nos lembra que ninguém bate em árvore que não dá frutos: muitas vezes, é justamente aquilo que é fecundo, consistente e vivo que se torna alvo de tentativas de desgaste, esvaziamento ou desqualificação. Ainda assim, a vocação da árvore não é responder ao golpe, mas seguir enraizada e frutificando.
O Natal nos lembra que não é o barulho ou a exposição, tão comuns em tempos de redes sociais, que sustentam o propósito de vida e a missão de cada um de nós, mas a coerência. Não é o alarde ou a audiência que convencem sobre o que é melhor, mas o compromisso com a verdade. Não é a repetição de discursos que qualifica uma posição, tampouco a aclamação imediata que valida o bem, mas a retidão do agir, a fidelidade aos fatos e a busca pelo bem comum. Quem permanece fiel ao que é justo, mesmo sob incompreensão, não caminha sozinho.
Que este tempo nos ajude, como comunidade acadêmica, a reafirmar o valor do pensamento crítico, da escuta qualificada e da análise responsável, e a reconhecer a importância da serenidade e da sabedoria, especialmente quando o contexto é adverso. Que saibamos distinguir entre o ruído passageiro e aquilo que, silenciosamente, permanece verdadeiro e formativo. E que o Natal renove em nós a confiança de que a luz, ainda que discreta, nunca deixa de nos iluminar.
Desejo a todos um Feliz e abençoado Natal!
Prof.ª Karen Ambra
São Paulo, 22/12/2025

Profª. Drª. Karen Ambra
Reitora do Centro Universitário Assunção